17.7.06

E agora.... Um texto sobre mim.
O meu futuro. O meu ego.
Os meus caprichos.
A vida faustosa que me espera.
Ascensão e queda. Como me tornei famoso.
E como a escrita à la MEC, me trouxe a fortuna e a glória. Presunção. Água-benta. Stop.


No ínicio de tudo, era o Verbo. Depois a Verbo. Publiquei por essa editora um romance intitulado "Eu e os cães que tenho". Rapidamente começou a bajulação. Deixei de ter de sorrir para os profs. do Liceu, e para as meninas das fotocópias (para, por amor de Deus, me copiarem depressa aquela resolução dos casos práticos da cadeira de Direito dos Valores mais Altos que se Levantam para Lá do Dinheiro). Deixei em suma, de ter de agradar - Deixei esse trabalho aos meus colegas de quem eu não me esqueço (sim, ainda hoje vou ao McDonald`s).
No livro, escrevia assim. Curto. Pequenino. A minha mãe sempre me disse. Que. Quem muito fala. Pouco acerta.
Fiquei famoso. Dei uma entrevista ao Carlos Pinto Coelho em que falei de uma África que não conheço; a Margarida Rebelo Pinto chamou-me "Fenómeno Geracional"; o Emídio Rangel convidou-me para apresentar "Cultura em Movimento"; o Júlio Isidro quis-me para o prefácio das "Aventuras do tio Julião"; a Anabela Mota Ribeiro piscou-me os olhos, o Abrunhosa pediu-me uma letra, a Mafalda Veiga uma música, o Nobel parabenizou-me, a minha mãe passou a achar-me bonito.
O mundo tinha outra cor. Comecei a faltar às aulas porque tinha entrevistas para dar. Falou-se em mim, o outro Argentino. E, em como até mesmo maus poetas conseguem por vezes, versos Geniais!
Eu disse que. Eu acho. Eu sei. Eu contei. Eu fiz. Eu fui. Eu ando. Eu sou.
Mas ainda era muito puto. Apenas um livro. Um título. Nenhum prémio. Daí que comecei a ir a fêstas do social. Onde estava o mundo. Beijei imensas faces uma única vez, fui a festas de amigos que não conhecia, osculhei uma velha de 50kgs + 10kgs de jóias, fui a lançamentos de livros, a festas de caridade, ao baptizado do 11º filho de D. Duarte, até fui Dj na Kapital na festa de anos da Catarina Furtado.
Engraxei escritores, ministros, apresentadores de televisão, comentadores, analistas, produtores, e até um técnico de arrumação de automóveis que confundi com Jorge Palma.
Disse que era pela paz, que Diogo Infante era o melhor actor português, entrei numa telenovela interpertando um aluno de Direito que escreve um livro e fica rico, falei das minhas namoradas, dos carros que queria ter, mostrei o interior da minha casa, com uma mesa cheia de Novas Gentes e deixei-me inclusivamente, fotografar com o bebé de uma das minhas empregadas ao colo.
Disse ainda que lia Pedro Paixão, que Miguel Esteves Cardoso é o maior, que Miguel Sousa Tavares é "um tipo com piada", que o fado faz parte de nós, e que o Ministro da Cultura não presta mas Manoel de Oliveira é genial.
No entretanto, escrevi o meu 2º romance"Ó Nana, sei lá!"- com o prefácio de Miguel Ângelo.
Lancei-o na Mãe D`Àgua, atirando alguns exemplares para o Largo do Rato, Tentando fazer uma piada política; Carlos Castro Riu imenso. Lembro-me que estava himalaias de bem vestido nesse dia: tinha imitado uma fotografia de Jóse Luís Judas na baía de Cascais - Ninguém me poderia deter. Nessa noite, dei uma entrevista ao Jornal da Noite e disse que, não me considerava superior a mim mesmo. Convidei para festa todos os meus amigos de longa data, e discursei sobre a importância que tiveram no meu percurso, ah! E também convidei a rapariga que conhecera na noite anterior, na Kapital. Apaixonara-me imediatamente: Aquelas argolas nas orelhas por onde até tigres passariam, aquela t-shirt a dizer Kookay e um traseiro que fazia jus à t-shirt, a maneira lânguida como segurava no copo de Pisang Ambon e me dizia: "Não sabia que se cantava nos Lusíadas"!
Casei. E gostei tanto de casar que me casei mais 5 vezes.
Ganhei um prémio atribuído pela Federação Nacional dos Estudantes de Direito para melhor romance de um ex-aluno. E, disse que, às vezes sentia um génio dentro de mim.
Hoje fumo cachimbo. E escrevo. Ainda. Tenho um programa no canal Vivir que vai para o ar antes dos filmes pornográficos e que se chama: "Velhos Ao Poder" - A Rita Ferro é a minha Partnaire e os convidados são pessoas de outras eras: João Pinto, Luis de Matos, Alexandra Lencastre, João Baião, Margarida Rebelo Pinto. Falamos do passado para o futuro. No fim, cantamos velhas canções do Silence 4.
Jogo Bridge. Golf. Tomo café na Mexicana. Tenho uma coluna na Caras e uma Hérnia discal. E um Ferrari com 20 anos. Já não me dói o nariz da plástica recém feita. Não publiquei mais nenhum livro. Sou feliz.

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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